Lembre-se!

Por baixo da roupa estamos todos pelados.

Termo que causa um tanto de desconforto e outro tanto de risos, pelado é bastante interessante de empregar em conversas de grupos, em situações cotidianas.

Seja no café da descompressão, onde cabe a oportuna “hoje, levantei, tomei um banho pelado, café e corri pra cá”!, seja na reunião de família, onde um “saindo para vir, eis que vem, pelada e latindo, nossa cachorrinha…”.

O fato é que o termo, ao aparecer de modo natural, surpreende muito. Ocorre também quando utilizado em situações profissionais, como num consultório médico ou seção de tatuagem que requeira.

Esse desconforto, meio que constrangimento, meio que engraçado, é também uma espécie de pudor entranhado na cabeça da gente.

Talvez porque foi a folhinha que Eva e Adão vestiram depois da maçã que nos condenou a nascermos pecadores…

Talvez porque nos pensamos melhores que outros animais e uma das evidências seja a roupa…

Talvez porque nos projete hierarquicamente… socioeconomicamente… politicamente…

Uniformes classificam e categorizam os militares, funcionários, estudantes, atividades específicas e muitos outros paranauês identitários, seja o desejo do calouro de medicina de ser visto como médico pela sociedade, ou o requisito de proteção ou higiene que uma função esteja submetida.

Já a roupa, carrega ideologia, posição social, cultura e também adequação ao evento para o qual se está a atender.

Em qualquer dos casos nota-se um fator comum: implica diferenciação.

Diferenciar-se é algo constante entre humanos. Não para no vestuário e acessórios.

Dá-se na moradia, nos utilitários, nos múltiplos modos possíveis que estiverem à disposição. A afirmação máxima de se fazer singular!

É precisamente por isso que me divirto muito ao lembrar à todos que, ainda que seja por debaixo das roupas, estamos todos pelados!

Uma contra-mão da individualização, que propõe reafirmar o quanto somos parecidos e interdependentes uns dos outros.

Só o coletivo humano vence o fim da vida.

Indivíduos, ao contrário, irão.

Pertencer ao coletivo e desenvolver condições melhores aos futuros indivíduos dessa mesma coletividade me sugerem um sentido no viver!